Objetos de apego

OBJETOS DE APEGO

Vocês já devem ter ouvido falar sobre objeto de apego. Ouço de muitas famílias que são motivo de preocupação e, por isso, vim falar sobre minha experiência e vivência com objetos de apego.  

Estive revisando arquivos e encontrei fotos minhas segurando algo quando menor. Desde muito criança, posso dizer bebê ainda, estava com fraldas de tecido e, na infância e adolescência, bonecas. Lembro-me que chegou em uma fase de minha vida, no alto dos meus 15 anos, que as pessoas passaram a ver o objeto de apego com olhos de reprovação, mas ele significa segurança ao indivíduo autista. Recordo-me que, em momentos de maior vulnerabilidade como medo e dor, me era como uma necessidade tão grande que, se já não estivesse ao meu alcance, chegava a me causar pânico.  

Quando adoecia, precisava sair de casa, ou como quando fiquei internada, era como extensão da minha casa: podia sentir o cheiro do meu ambiente ao abraçar, me trazia segurança e conforto e não entendia o motivo de ser “errado” carregá-los. E digo mais: através deles podemos manifestar o que estamos sentindo e, se observar, quando mais apego, maior o sinal de insegurança.  

Eu dormia com minha boneca até final do ano passado e meu edredom velho e surrado, que já precisou de remendos. Sim, ele já nem espuma interna tem, porém, só de imaginar dormir sem abraçá-lo, já me parece impossível, até porque precisei guardar minha boneca, infelizmente, já que minha avó teve que refazer o corpo dela e voltou a cair as pernas e o enchimento. Podem acreditar: quando via um pedacinho, eu chorava muito e doía em mim. O outro motivo foi a adoção da minha gata, que dorme em minha cama, reduzindo o espaço e mordendo a minha boneca. 

O objeto de apego tem sua importância na vida do indivíduo autista e ele mesmo deixará no tempo dele, quando não lhe for mais necessário, ou substituir por outro mais funcional. Como agora, eu que os troquei por fones de ouvido, por exemplo. Porém, se lhe faz bem, não tem o porquê se desfazer. Vejo também que se pode utilizar dessa “ferramenta” inclusive como modo terapêutico. Basta usar a criatividade. Minha mãe, por exemplo, perguntava sempre o que minha “boneca” estava sentindo e algumas vezes eu acabava transferindo o meu sentimento a ela, mesmo que de forma indireta.